Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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Textos
AINDA VEJO ROSAS
Desnorteado
Pelas fraquezas que a vida me mostra,
Na mandinga que eu não acredito,
O cristo ressuscitado
Que partiu sem retornar,
Finei a adoração ao santo
No comércio do altar...

Tanta hipocrisia que
A tonta filosofia,
Tenta em vão explicar vertendo graduada tolice.
Sou partícula diminuta, desconectada,
Errante, sem entender
O porque de tantas guerras.

O mundo tomba sonado
E m busca do poder.
Nada peço, tampouco
Desejo curvar-me ao lamaçal.
Apenas desejo ser,
Existir sem subtrair auras.
Um amor que partiu,
Outro que chegou incomodando.

Processo o instante
Para deparar-me com a realidade.
Abandonei crenças duvidosas
Calcadas na ganância,
Acreditar no abstrato é abraçar o vazio.
No imbróglio da alegria,
Desmereci o sorriso.

Já vi meus lábios arroxeados
Pela dita(dura),
Da experiência herdada pela truculência,
Pintei na tela da vida
Minhas feições disformes,
Pinceladas por agressões postadas
Na sombra do pranto.

As ingerências dos mandatários sucumbiram ideais,
Espelhos quebrados,
Desenhos opacos e lúgubres.
Numa estática lagrima,
O solitário sorriso glacial
Que estancou o pranto
Na retina gelatinosa.

Sinto-me absorvido pela imposição
Do reacionarismo
Que aos pouco vai minando e mumificando a eloqüência.
Em dose diária,
A pílula do conformismo me estatiza.
Embora pareçam cálidas e esmorecidas, ainda vejo rosas.
  
No inconformismo, enlacei o cálice do meu desespero.
Entornei o copo da amargura e
Brindei a derrota,
Onde o fel do meu dissabor
Gerou secreção venenosa.
Degustei a infelicidade do momento
E ofereci rosas.

Vi minha alma ausentar-se
Em sinal de protesto.
A névoa da sofreguidão
cobriu-me de tristeza.
A mortalha do abandono
Selou a forçosa aquiescência.
O apocalipse sorriu, o infernou aplaudiu, o céu feneceu.

Absorto, não esbocei aflição,
Tampouco desejei perdão.
Na vertente da sabedoria que regia todos os engodos,
O câncer da malfadada existência
Havia sido extirpado.
Avistei a decomposição paisagística
Na flor da roseira.

Em minha imputada esqualidez,
Ainda vejo rosas...
Que se digladiam
Com seus espinhos em riste.
Todas buscam o poder
Na mais poderosa fragrância.
Rosas tetraplégicas, viciadas,
Sem perfume; desbotadas!



Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 09/01/2006
Alterado em 04/04/2022
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