Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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Textos

 

Era para ser uma vida plena,
Onde o amor arbitraria a felicidade.
Mas fiz as malas.
Eu não suportava minha existência.
Não significava que estava retroagindo,
Tampouco tencionava avançar no tempo,
Apenas queria vivenciar o presente 
E tentar me lembrar de mim.
Tremulado, estarreci ao ver-me no espelho,
Tateei meu rosto esmaecido e desbotado
Coberto por pele enrugada,
Não conseguia distinguir minhas feições.
Ao enxergar-me no espelho vi-me horripilante.
A imagem refletia um estranho ofegante.
Não conseguia acreditar
Que um dia tateei aquela massa obesa.
Desfiz as malas, e olhei para o passado cruel,
Reparei a vida com desdenho
E mergulhei na escuridão
Onde o obscuro pressupõe a doce agonia.
Ateei fogo nas malas, minha vida em labaredas.
Meu corpo feito fogueira sorriu em letargia,
Levitei em estado gasoso;
Finalmente eu havia interrompido a vida.
Fui tragado por um uma rajada de vento frio.
Há séculos não esbarro em minh‘alma,
Acho que o universo deletou meu curso.
Minhas partículas diminutas
Planando na imensidão do cosmo,
A esmo, esfarelando sem rumo
Buscando nada, lost em tudo.
De repente surgiu um clarão,
Precedido por um imenso estrondo.
Não havia túnel nem purgatório.
Apalpei-me, senti meu corpo.
Teria eu praticado a ressuscitação?
Em minha doce loucura,
Neguei minha existência três vezes,
Se eu não me permito viver,
Porque o indecoroso juiz do tempo
De maneira abrupta me condena a
Perambular novamente por este curral
Apelidado de terra?
Possesso, vi-me em transformação.
Reticente, conclui pesaroso
Que estava numa maçante reencarnação,
Momento caótico, estadia deprimida,
Um desproposito do criador,
Infelizmente, eu ainda existia em outra vida.


www.pauloizael.com
 
 
 

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 03/05/2020
Alterado em 23/02/2024
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