Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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REJEIÇÃO


Produzi-me, com o melhor vestido,
A gargantilha na cor que você gosta,
O batom com tua fragrância,
Ainda encolhi o generoso decote...!

Esperei por você no mesmo bar,
Me sentei em nossa mesa preferida,
Sorri para o solícito garçom
E degustei o mesmo vinho.

Como forma de punição,
O relógio chutava os ponteiros.
A longa espera era atordoante.
Meu coração sugestionou rejeição.

Como posso viver com tuas faltas,
A imprecisão faceira de teus atos
Em comunhão com a infidelidade
Que me priva de respirar, viver?

Desolada, saí a ziguezaguear sem rumo.
Maquiagem a respingar, lábios arroxeados.
O vinho ainda impregnava o vestido.
Que mais preciso fazer para sorrir?

Na rua deserta, o temporal espreitando,
A chuva em ira me ejetava saliva.
O impudor da ingratidão me deixava nua.
Que mais preciso fazer para ser tua?

Ainda tentei me controlar,
Abandonada, a resignação, gerou ódio.
Tonta, não assimilava nada.
Entrei num bar, amanheci na calcada.

O vestido rasgado em contraste
com o batom que tingia o rosto assustado,
Me acresceu de tristeza imoderada,
incrédula, senti-me  derrotada.









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"Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo"






Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 09/11/2005
Alterado em 09/05/2023
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