Tenho medo de não acordar
deste terrível pesadelo
Que em noites depressivas
Vem me torturar.
Arrancando meus sonhos,
Engabelando a verdade
E surrupiando minha sanidade.
Dizem que sou louco, alucinado.
Não olham para dentro de mim,
Apenas se distraem com a minha dor,
Tentam me direcionar com conselhos
Mas não sabem cuidar da própria vida.
Estou enojado dos falsos profetas
Que vendem consórcio
Com ida ao éden.
Ando meio enfadado,
com pena de mim,
Acho que meu destino foi espatifado
Numa desiquilibrada erupção da alma
Abandonando o descartável corpo
Que vagueia sem rumo
Num ziguezague
Desconstruindo a caminhada
Numa utópica busca a procura de nada.
As vezes tudo está errado,
Uma desconexão
Entre sonho e realidade
Culmina abruptamente num
Tremor nas mãos
Que gera uma neurose histérica
Findando na destruição
Do corpo e da mente.
No despertar do sol
Que enojou o novo dia,
As lágrimas
Banharam a face amarelada.
Anestesiado pela
Pílula do conformismo
Vi o manto negro da lua
Me cumprimentar
Oferecendo um chá de ácido lisérgico.
As cores se intensificaram
E produziram o melhor som que já ouvi.
Num delírio incontrolável
Que formigava, não resisti,
Mordi e arranquei abruptamente
minha orelha esquerda.
Ensanguentado,
Despertei azedo e confuso.
Estranhamente
O mundo estava estatico.
Flexionei as mãos mas não as senti.
Não havia palpitação,
Meus batimentos estagnados.
Tampouco notei o oxigênio
Para movimentar os pulmões.
Tudo era escuridão, senti-me aturdido.
Teria eu simplesmente morrido?
Entendi a percepção do abstrato,
Eu estava num estado gasoso
Onde a inconsciência
Registrava a loucura
E a matéria flacida
Se distanciando do corpo
Tremulando os dedos num aceno.
Tudo estava decretado, era o fim.
E foi assim que vi-me saindo de mim.
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