Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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Olhei para cima e constatei indiferente
Que ao lado do desbotado céu,
Nuvens obesas estavam impacientes.
Olhei para mim e chorei sem razão de ser,
Um segundo depois sorri prazerosamente
Remoí o passado e lembrei de você,
Que nunca deixei sair da memória
E até hoje carrego comigo a tua imagem.
Tentando prolongar tua presença, 
Tatuei tua alma dentro de meu coração.
Mas nosso amor sempre esteve por um fio
Que não era de aço e um dia se rompeu.
Agora, dói muito lembrar de tua imagem
Que não sai jamais da minha vida.
Pensar naqueles momentos lindos,
Eu e você sorrindo, vivendo o amor,
A calça boca sino,a provocante mini saia,
A vida acontecendo plenamente,
Ouvindo musica, fazendo poesia,
Cantando e bebendo em qualquer esquina,
A sorte comprada ao som do realejo,
Inúteis comentários soltos no ar,
O encanto em cada olhar,
O sopro empurrando as palavras para o coração.
Sorrindo e discutindo sem razão.
Hoje a saudade vem me cutucar,
Lembrando que naõ há esperança
De tudo se ajeitar num final feliz.
Zanzando por ai, me esquivo de mim,
Aos pedaços, tentando me desconstruir,
Esbarro na mesmice depressiva
Que me induz ao desespero
Ao lembrar-me que sou mero andarilho
Sabendo que a vida é um despropósito
Quando não mais existe você
Para clarear a escuridão do coração.
Esta solidão que sempre me açoita
E afronta o arbítrio do meu coração,
Destoando e maltratando a razão
Que tenciona e engabela meu viver.
Nossa desunião ira durar para sempre,
Fomos corroídos pela liberdade exagerada.
No confronto da inverdade do tempo,
Nosso imobilismo gerou o desamor
E lembrou que das sobras de nós dois,
Nada restou para ser lembrado,
Apenas voltas que não tiveram idas,
Rancores ancorados e espelhos quebrados.
Num descuido de nossos corações,
Um grande amor sucumbiu para sempre.
Mesmo combalido pelo stress
Que envolve meu total descaminho,
Meu sentimento nunca cultivou revolta,
Tampouco sonhou com uma volta.
Não tenho passado,nem história,
Apenas uma mente sem lembrança
Que nunca cansa de pensar...em nada.
Pelo sofrimento cobrado por cada beijo,
A rejeição explicita em cada desejo,
O descaso exagerado com meus sentimentos,
Com atestado de coitado assinado por você,
Tento a cada dia me desprender das lembranças
Que sempre chegam quando não estou em mim.
Em transe, gravitando pelo universo decomposto,
Nós, sempre sentados sobre um barril de pólvora,
Feito asteroides assustados em colapso total.
A cada dia tento esquecer que um dia conheci você.
O cosmo com seus planetas desalinhados.
Para nós a vida sempre foi um enorme desprazer.
Os planetas em fuga temendo a ira de Hawking.
Olhei para o céu pintado de roxo degradante,
Enquanto o universo tremia regurgitando estrelas.
Acendi uma dinamite num asteroide,
Espiei milhões de crianças correndo para o limbo;
E explodi parte de meus insistentes demônios.
Talvez eu seja um desiludido zumbi do espaço
Ou desprezível espectro vagando a procura de nada,
Mas,certamente não estarei na praça celestial
Pregando utopia e dando milho a pássaros sem asa.
 
 

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Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 11/04/2013
Alterado em 10/12/2013
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