Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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NOVO AMOR!




Na plenitude da paz espiritual
Pertinente ao amor,
No ápice do sossego da mente,
Repentinamente cercou-me
Uma remanescente inquietação latejante,
Confundindo meus sentidos.
Era a aprazível volta do flerte,
O doce preenchimento do vazio.
A expectativa de um novo amor
Ocasionou um querer abrasador.
Senti corpo e mente em aquecimento,
Com a possibilidade da entrega amorosa.
Conhecia o desfecho da situação:
Era um filme encenado na vida,
Visto e revisto por inúmeras vezes.
Mesmo assim, decidi iniciar.
Sem mesmo questionar o roteiro.
Haveria emoção tão poderosa
Que pudesse minimizar a dor
Que o amor sempre proporciona?
Agora a pouco, senti um aperto no coração:
Ele estava triste, ausente.
Falei da nova paixão, dos planos;
Da doce alegria do reviver;
Falei de amor, cumplicidade, carinho...
Mas o coração fez questão de não entender.
Esbocei certa hesitação.
Voltei a indagar ao silencioso coração.
Perguntei se era merecedor
À pretensão de um novo amor.
Logo depois, meu coração emudeceu.
Calou-se indignado para não ser indelicado.
Estaria pressentindo algo de ruim?
Senti o brilho anterior se esvair.
Talvez eu estivesse cansado
De tantas batalhas destrutivas,
Inúmeras desilusões sentidas.
A solidão piscava em deboche.
Eu, ali parado, tentando localizar-me
Na imensidão truculenta,
Que cerca o calvário da rejeição.
Como poderia chorar um único amor,
Que se perdera em algum lugar do passado
E ainda perdurava na insensata mente;
Na espreita, sem jamais ser esquecido,
Contestado, redimido ou substituído?
Naquele momento eu poderia mudar,
Alterar meu destino, minha vida.
A simples idéia em entregar-me
A um novo amor, propiciava renovação.
Alardeei uma certa traição ao coração.
O pensamento utópico e reacionário,
Condenou e bloqueou o futuro flerte.
Não sabia se fugia ou aceitava o novo.
Minha indecisão gerava o lamento.
Lamentar e como voar sem deixar o chão,
É uma inominável escassez de raciocínio.
Decidi sacudir o estagnado coração.
Quando eu já estava propenso,
A abraçar veementemente o novo amor,
Eis que surgiu algo assombroso:
Para o meu desencanto, ela injuriou-me,
Portou-se como deselegante e indelicada.
Pude ouvir o fel de desabonadas palavras,
E, as mãos, em fuga; datilografando o ar.
Conclui que jamais seria por mim amada.
O que seria um providencial amor,
Mostrou-se frágil; caluniador e atemporal.
Senti-me tão ofendido, que me nulifiquei.
Tamanha desfeita no destrato proposital,
Fez com que eu me impronunciasse.
As ofensas vieram feitas açoite.
Um aperto no peito selava o estado depressivo.
Minha pretensa alegria estava traduzida em dor.
Permaneci calado, incrédulo frente ao descaso.
Parecia que o mundo fora transformado
Num desânimo amoroso devastador.
Ao ouvir aquelas palavras aviltantes,
Meus olhos marejaram copiosamente.
Jamais desabara antes de corpo e alma.  
Em estado permanente de choque,
Não percebi a dolorosa chegada do choro.
Engoli as lágrimas com o dissabor do tédio.
Como é desorientador terminar assim,
Algo que sequer começou.
Bem sei que as palavras sussurrantes,
Ditas e ouvidas, logo serão esquecidas.
É um desprazer não sentir o mimo;
Ou teria sido uma acertada
E providencial intervenção do destino?
Certamente não saberia medir a alegria
E a dor que não chegaram ao coração.
Talvez, a premonição do amor transborde,
Anunciando infantil despreparo
Para entender os mistérios do coração
E minha total perda da razão,
Incorrendo sempre no erro do perdão!
Posto, que o novo absteve-se;
Permaneci com o sentimento
Redirecionado ao passado,
No saudoso amor que há muito partira!

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 10/08/2005
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