Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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Amor, hoje o céu escureceu mais cedo, nuvens negras descoloriram a tela da vida e todo o sentimento foi tragado pela inexistência do brilho luminoso que aclarava nosso amor. Na verdade, estávamos mergulhados numa solidão unida e jamais estivemos centrados na realidade, tudo gravitava em torno de sonhos. Vivíamos o ápice desdenhoso da utopia que sempre converge para o esmorecimento da aura e emudece o coração. Há tempos não nos vemos. Às vezes desando por ai, beijando bocas vermelhas, tentando encontrar a fragrância do teu perfume. Andei esbarrando em camas redondas, apalpando corpos gelados. Neste alucinado devaneio, cansado de irremediáveis tentativas que me conduziram ao limbo de danosas inconseqüências, acrescido de tristeza e dor, contemplo tua amarelada foto e releio as cartas, onde as palavras saltam do papel e como adjutório amoroso, preenchem o espaço de saudade. Que fins levaram todas as juras de amor infindo? Que faço eu na estrada da vida se não consigo caminhar sem o teu amparo? No desconsolo da razão, a insanidade me concede um abraço e o traço da viagem esboça que para nós, sempre é tarde para sermos felizes. Ainda que combalido pelo implacável viés da trajetória que solicita um infindo desprazer, ainda sinto saudades de você!






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Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 07/03/2007
Alterado em 04/08/2023
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