Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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POR QUE ME ABANDONOU?


Nosso envolvente amor viu-se abruptamente transmutado em remotas lembranças de um passado sem memória. O que restou daquele amor foi teu ato silencioso na anunciada partida e o desabono interior que, de tão impregnado, me sufoca até hoje. A mordaça do desamor desabou sobre mim, envolvendo-me com a pegajosa mortalha errante que sempre acompanha a ruptura da união. Quantas existências hão de ser necessárias para que eu encontre minha parte que foi subtraída por você e jogada ao vento, perdida no lúgubre limbo da infelicidade? Convivo com essa fadiga intermitente que anula o meu viver, e sempre me direciona para o mar da solidão. Sinto-me totalmente nulificado em minha trajetória amorosa, onde alterei meus planos, inverti o destino e lhe ofertei minha vida. Fiz teu, o meu coração. Tudo em vão. Espelhos quebrados, sentimentos disformes. A paga para tanta dedicação e querer, foi o descaso quando me defrontei com tua ira no desterrado fel da separação. Então decidi me calar, sabendo que jamais você iria retornar. Mas até hoje a porta está entreaberta. Mesa pronta, velas acesas e o vinho a te esperar.
Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 20/07/2005
Alterado em 02/01/2011
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