ROSAS PÁLIDAS
Nos escombros da lembrança,
Uma rosa pálida ainda respira,
E evoca a saudosa recordação,
Numa insensível dor que belisca o amor
Aqui estou, neste evento coletivo
Que precede o inevitável sepultamento.
Vejo-te coberta por descoradas flores,
Imóvel, no leito fúnebre que desorienta.
O desamor perpetuou,
Arraigando a infinda solidão
Que teima em suscitar
Inanimadas recordações.
Apático, o glacial coração
Repousa em lástimas
Com o sentimento entocado
pelo acúmulo de decepções.
Ronda o flerte das falsas amigas,
A cobiça espreita, meu coração rejeita.
Apenas respiro o perfume
Do amor que não aconteceu.
O ensejo não aclara o momento.
Sonhos com alusões insanas.
Feito navalha do amor,
Corriqueiros pesadelos tatuam dor.
O turvo castelo desconstruído;
Desprovido de sol, carente de lua.
Um utópico reinado de amor
Mergulhado no difuso paraíso.
O fel da desilusão lambe a esperança
Com a voraz mortalha do desencanto.
Reluz a premonitória do desespero
No silencioso gesto do cortejo fúnebre.
A luz do viver se transforma em penumbra.
A perda insere a danosa separação
Explicita na cerimônia do sepulcro,
Onde o sorriso das flores não pode chorar.
Contemplei o mistério da viagem da vida
No indecoroso despojo da morte,
Que não interrompe a trajetória da aura,
Mas, destitui a razão e faz soluçar o coração.
No jardim florido que emanava fragrâncias,
Agora repousam flores desprovidas de vivacidade,
Com botões tetraplégicos que não desabrocham,
Protestam, conluiados no ato silencioso.
Sobre a lápide gelada, rosas em coma.
O destino interceptou meu amor.
Ainda sinto tua aura me solicitando.
Vejo-te em outra vida, nesta, Deus te chamou.
Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 21/11/2006
Alterado em 30/11/2006