Atrelado à inóspita saudade,
Que a cada instante,
Instabiliza meu inconsciente,
Gravito a procura de nada.
Encabulado, destôo da realidade,
Pelejo, mas não consigo existir.
Você, que um dia se foi,
Mas, que há muito está em mim,
Ainda causa rebuliço em meu viver
E suscita a lembrança do claro luar,
O desejo a chegar;
E nossos corações apaixonados,
Extasiados, cansados, de tanto amar.
Tento engabelar a lembrança,
Mas vejo a todo instante,
Seus lábios gelados, os olhos fechados,
Coroas com flores disformes,
Estranhos cochichando nos cantos,
Um milhão de falsos pêsames,
E teu corpo sendo velado.
O manto negro do sepulcro
Envolveu todo meu ser,
Escurecendo a lamparina da vida
E acendendo a tristeza em mim.
O dissonante alvorecer
Pintado na cor de chumbo,
Perdera a primazia de outrora
Fulminante feito raio,
A ansiedade patológica
Insurgiu inerente a mim,
Descolorindo o arco Iris
E pintando a tela da vida
Com as cores da utopia.
Hoje, vagueio disforme e apequenado
Não destôo a tristeza da alegria.
No impiedoso labirinto da memória,
Desassociei minha própria imagem
Da enegrecida mente que vegeta.
Há tempos, não me reconheço.
Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 14/05/2011