Toda a inquietação da humanidade Na tentativa de conhecer As obscuridades da natureza, Compendia indagações, Teses e teorias inimagináveis Em busca do saber absoluto. De que adianta sermos racionais, Lembrarmos do passado, Prevermos o futuro, Quando estamos perdidos no presente? Na ilógica que permeia o caminho, Às vezes a vida, tritura os sonhos, O destino anula o vencedor. Noutras vezes a vida enleva os sonhos E o destino abraça o vencedor. Neste inexorável pêndulo, Onde a incógnita é vasta, E o descaminho é o roteiro preferido, Vagueamos insanos e cegos. Quase sempre amaldiçoamos a vida E ignoramos o inelutável destino. Em algum tempo, quando inexiste a dor, Até duvidamos do criador. Acreditamos em entidades, zumbis. Declaramos um agrado ao santo, Total devoção aos orixás; E findamos na quiromancia, O destino comprado no pré-datado. Tragados pelo dolor do logro, Ofertamos fel aos desesperados E compactuamos com a utopia. Nossas oferendas são embustes. Afinal o que somos nós, Senão criaturas errantes, reacionárias; Destituídas de esperanças, Portadoras de pequenos gestos, Amparados na amplitude da ignorância? Com ineficácia comprovada; Sempre mergulhados na inércia, Focados no berrante modismo Que impera no desprezível E eufórico estado patológico. Ao pé do altar, na falsa genuflexão, Exaltamos mascarada prece. Não chegamos nem saímos, Estamos à mercê dos acontecimentos. Nos tornamos amorais e glaciais. Convivemos com guerras fabricadas, Sustentadas pela miséria planejada. Assim, no autoflagelo que impera, Amarrados na própria corrente, Buscamos alguma bússola, Totalmente perdidos no presente.